Um levantamento do Ministério da Educação (MEC) apontou os principais desafios da educação nas regiões de fronteira, consideradas áreas de grande diversidade cultural, uma vez que o Brasil é o país com a maior extensão territorial da América do Sul. Ao todo, 588 municípios brasileiros estão na faixa de fronteira terrestre, que se estende por mais de 15 mil quilômetros e passa por dez países.
Em agosto, o MEC promoverá o curso de Formação em Cooperação Educacional na Fronteira para professores e gestores. De acordo com a responsável pela Cooperação Bilateral com América Latina, da Assessoria Internacional do Ministério, Sandra Sergio, o objetivo é aperfeiçoar a prestação dos serviços oferecidos por 13 mil escolas públicas, 45 universidades federais e 51 institutos federais de educação localizados na fronteira do País.
Responsável pela Cooperação Bilateral com América Latina, da Assessoria Internacional do MEC, Sandra Sergio
“Muitas instituições não se veem como uma instituição de fronteira capaz de atender e de promover o desenvolvimento dessa região por meio da educação. Então, o que a gente espera nesse curso é capacitar os profissionais para que eles possam ter uma visão da fronteira e fazer acordos de cooperação com as instituições que estão localizadas no país vizinho para atender melhor a população e impulsionar o seu desenvolvimento.”
Os cursos serão promovidos na segunda quinzena de agosto em Cuiabá (MT), Boa Vista (RR) e Pelotas (RS). Em cada uma dessas cidades serão capacitados até 60 alunos. Podem participar profissionais de escolas, universidades e institutos federais. O MEC oferece duas vagas para cada instituição educacional localizada na fronteira. Os interessados devem procurá-las para solicitar a participação no curso. As inscrições seguem calendários diferentes, com prazos finais a partir do dia 15 de julho. Os custos de deslocamento e hospedagem ficam sob a responsabilidade dos participantes.
Para a assessora Sandra Sergio, as diferenças e semelhanças culturais reveladas na convivência entre os alunos, representam os desafios em sala de aula.
Responsável pela Cooperação Bilateral com América Latina, da Assessoria Internacional do MEC, Sandra Sergio
“Tem, por exemplo, na fronteira com o Paraguai escolas brasileiras em que 90% dos alunos, mais ou menos, são paraguaios e têm dupla nacionalidade. Mas, no processo de alfabetização os professores se deparam com alunos que falam Guarani. Temos desafios com a formação dos professores que vão alfabetizar esses alunos, desafios com relação à matrícula desses alunos e os desafios das universidades e dos institutos federais localizadas nessas regiões para atender aquela população”.
Temas como o histórico das relações do Brasil na fronteira, a internacionalização da educação, questões como a interculturalidade e comunicação, além da elaboração e execução de projetos de cooperação na fronteira, são demandas tratadas no curso. Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail dialogosai@mec.gov.br.
Reportagem, Felipe Linhares